Um Brinde à Poesia

Um Brinde à Poesia

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Um Brinde à Poesia Nit. Nov. 2012


Um Brinde à Poesia completou 13 anos, no dia 11 de junho deste ano. 
Acontece em duas edições mensais. Todo segundo sábado no auditório do MAC Niterói 
e  toda quarta quarta-feira, na Livraria do Café, no Shopping da Gávea.

UM BRINDE À POESIA 

Coordenação e apresentação: Lucília Dowslley

Músicos: Fábio Pereira e Alexandre Pontes

Lançamento do livro "Asas Que Tenho Por Dentro", do poeta Naldo Velho
Participação: Teresa Mello, Beatriz Chacon, Wanda Monteiro e Mirian Panzer

Poetas Convidados: 
COLETIVO POESIA EM VOLTA com Anielli Carraro, Giglio e Regina Vilarinhos 
CAMALEÕES DO SUBÚRBIO com Felipe Rey Rey, Rico Thomas (violonista) 
e Monique Djelli Bonnie

Canja Diversos na primeira hora 
(leve um poema curto, coloque o nome na lista e se apresente)

Entrada: um livro infantil para doação em orfanato








NALDO VELHO - Músico (compositor), poeta e artista plástico, com dois livros publicados: 
Mania de Colecionador e A Dança do Tempo. 













Felipe Rey Rey - VISCERAL fpi seu livro publicado em 2008 e programa o próximo para meados do ano que vem chamado VERSEJADURA. Músico e ator mistura poemas com canções nas apresentações. É integrante dos CAMALEÕES DO SUBÚRBIO e mora em Brás de Pina. participa dos recitais: Picareta Cultural em Paraty, Labirinto Poético, Quintas no Quintal na Lona Cultural João Bosco e no Sarau Donana em Belford Roxo e agora está organizando junto com o GRUPO que integra um RECITAL/SARAU na Arena Cultural Chacrinha em Pedra de Guaratiba para dia 23 de NOVEMBRO.



XXII


tão polida
                                                                         melindrosa
melindrada
seu salto agulha
quebra na estrada

não serve pra subir

quebrada

coitada

tão polida

tão pálida

meu crime
foi assaltar
teu sol
teu mar
teu dia
à toa
minha patroa
a poesia não
segrega
nenhuma pessoa



XXX



para ela

bem bela

uma paralela


é

uma passarela

per feita para

reconceber

focos de luz



- centro do umbigo

da atenção -

mas ela bela
desconhece
a esparrela
de viver
numa favela
e serum garoto
mui bancarroto

- um rei na barrela
de um xadrez -




Djélli Bonnie

"Minha vida não é lá coisa tão relevante assim. Eu não tenho uma obra, nem me considero artista. Na verdade ainda não tenho nem profissão. Eu queria ter feito muito mais. Sei que são só 25 anos, mas acredito que poderia ter feito muito mais. Por quem? Pelas coisas que acredito, pelas pessoas que eu amo, por quem precisa de algum tipo de atenção. Então não me considere nada e não me dê título algum. Tudo o que eu sou é o que eu vivi.
Eu nasci em Vitória da Conquista, na madrugada do dia 18/03, ano de 1987. Eu nasci, como todos, analfabeta, pelada, sem dentes ou pretensão. Como eu sempre digo, isso serviu para que eu aprendesse que ninguém é nada, as pessoas não têm nada, elas apenas se encontram em estado de posse ou existência.
Sou filha da Bahia, de uma professora e um alfaiate. A minha família já era grande quando eu nasci e fui fui a filha derradeira.
Sobre as coisas que eu fiz?
Eu fiz bagunça, viajei, namorei,apaixonei, pisei na bola, escrevi, estudei, li, viajei, amei muito e a muito.
Já estive seminarista, missionária, panfletista, palhaça, professora, recepcionista, telemarketing, vendedora de calçados, filha, irmã, santa, rebelde, só, acompanhada, apaixonada, triste, feliz, com fome, laricada, amada, esquecida, preterida, preferida e às vezes poetisa.
Morei na Bahia até os 17 anos, Ceará, Bahia, Maceió, Bahia, Sergipe, Bahia, Minas e agora São Sebastião do Rio de Janeiro. Já fui cristã, mas agora a realidade me invadiu e eu prefiro ficar na minha, com o meu deus, que sou eu.
Sou feminista, humanista, favelada, suburbana,agnóstica e mulher. Talvez eu apenas esteja tudo isso, mas espero que as coisas boas permaneçam. De vez em quando eu escrevo uns textos, mais por necessidade do que qualquer outra coisa.
Talvez algum dia eu seja artista. Quem sabe..."
Monique Rosa Brasil


E agora, Maria?
O neon apagou,
a fumaça esfriou,
o povo já bebeu,
e a noite findou,
e agora, Maria ?
e agora, nós dois ?
você que é codinome,
que ama os tolos,
você que seduz,
se eu a amo protesta,
e agora, Maria ?

Está sem frisson,
está sem recurso,
está sem seu público,
já não pode ‘mexer’
já não pode dançar,
se exibir já não pode,
a noite esfriou,
com o dia que veio,
o ‘bofe’ não veio,
o gringo não veio,
não veio a carona
e Johnnie Walker acabou
e todos sumiram
seu salto quebrou,
e agora, Maria ?

E agora, Maria ?
Sua doce balada,
seu instante tão celébre,
seu amante, sex partner,
sua grande época,
seu momento de ouro,
seus vinte anos vividos,
sua irreverência,
seu jogo - e agora ?

Com a chave na mão
tenta abrir a porta,
não existe companhia;
quer se jogar no sofá,
mas o conforto acabou;
comprou passagem pra Bahia,
Bahia não há mais.
Maria, e agora ?

Se você se prostituísse,
se seu corpo vendesse,
se já não houvesse feito isso
e a sua família a recebesse,
se você não fugisse,
se não se retirasse,
se seus pais ouvisse…
Mas você não ouve,
você é dura, Maria !

Sozinha num subúrbio
finge não ser bicho-do-mato,
com sua euforia,
se deixa estar nua
para o playboy enganar,
sem ele que é seu preto
que te leve pra o norte,
você vai de Kombi, Maria !
Maria, para onde ?

Batida
Eu não sei mais o que fazer
O dinheiro e minhas drogas todos misturados
A lucidez que nada faz passar ou acabar para sempre
A minha sandice dura só cinco segundos e depois vêm as pedras
As pedras vêm e não consigo nem levantar a cabeça e me distrair
As drogas, os zines, as moedas espalhadas pela casa são poeira e fantasmagoria
Ah e essa lucidez que amarga o café, anestesia e não vai embora!
Será que perdi o sono e o delírio para sempre, de uma só vez?





Regina Vilarinhos é gaúcha, cidadã voltarredondense, filha do Vilarinhos e da Ignez, casal que contribuiu para a história de nossa cidade, com sua ativa participação nos movimentos religiosos. Escreve desde os 16 anos, tendo participado da Exposição de Talentos da PMVR em 1998. É licenciada em Letras, pelo UGB/Volta Redonda; publicou o livro independente "A chave e a senha - pequenas porções de poesias de Regina Vilarinhos", em 2008, na OFF FLIP, Parati.
Finalista entre os “100 melhores poemas do Twitter”, 2010, promovido pela FLIPORTO-PE. Finalista do 2º Concurso Carioca de Poesias, em 2005; foi convidada para o Festival de Poesia do Circo Voador, em 2006; apresenta seus poemas desde 2006, na OFF FLIP, circuito paralelo à FLIP Parati; em 2009 e 2011, foi selecionada para a Oficina Literária da FLIP Parati. Participou da mesa redonda na Casa dos Autores, na FLIP 2010, junto com Jean Carlo e Giovana Damaceno, com o tema “Concursos Literários”. 
Desde 2005, coordena o Projeto Poesia em Volta, que hoje, junto com Anielli e Giglio, fazem saraus, oficinas poéticas e já se apresentaram no Rio de Janeiro e Niterói. Publica no blog www.poesiaemvolta.blogspot.com.

Cura Poesia 

Poesia pra mim é cura. Não para doença ou vício. 
Pode ser na palavra escrita, na música ouvida, na foto revelada ou na dança valsada. 
Sinto, toco, caminho poesia todos os dias, por entre minha rua, entre os prédios e seus jardins. Vejo poesia na placa do carro dos amores que vem e vão, nos olhos brilhantes de meus pais, na cama forrada com limpos lençóis. 
Bato com poesia na cara quando o vento fecha a porta,
dói poesia nos joelhos quando caio no chão. 
Como poesia com café com pão, feijão com arroz, 
com coca gelada, na mesa para dois.
Vinho poesia, cervejo poesia, choro poesia, grito poesia.
Roupa lavada com poesia. 
Amaciante, pregador, varal e passada a ferro, a poesia.
Em rio de poesia, nado de costas.
Em dia de poesia, ofusco os olhos no sol.
Poesia em pedra dura, 
poesia-me com quem andas,
mais vale duas poesias nas mãos...
Aliás, é um tratamento, que nem sei se termina, mas que me alivia.


Oração
Vinícius nosso que estais no céu,

santificados sejam todos os Bandeiras,
venha a nós a vossa Pasárgada.
Sejam editados todos os nossos livros
e pagos o direitos autorais,
assim na terra como no céu.
Ao verso nosso de cada dia
nos dai inspiração hoje.
Perdoai as nossas poesias,
assim como nós perdoamos
aqueles que não nos tem lido.
Não nos deixeis cair no lugar comum
mas livrai-nos de todo verso comercial!
Amém!





Carlos Eduardo GiglioPoeta, diretor de teatro, ator, palhaço






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