Um Brinde à Poesia

Um Brinde à Poesia

domingo, 3 de março de 2013

Um Brinde à Poesia Nit. Especial "Mulher"


Um Brinde à Poesia Movimento pela paz e liberdade de ser
De quinze em quinze dia admiradores e artistas se reúnem, 
compartilham sentimentos, afeto e arte, 
além de fazerem um brinde na prática. 
São fortes emoções! 

“Um instante para a alma se abrir nos dias de hoje e celebrar a paz”. 

E tudo começou com um sonho que tive, no dia 10 de maio, 
dois dias antes do meu aniversário. Fui em busca da realização e no dia 
11 de junho de 1999, lancei, ao lado da atriz Carla Soares Faria, a primeira 
edição e não parei mais. Em junho completará 14 anos.

O objetivo deste Movimento é divulgar a obra de artistas consagrados na 

literatura e na música - letrista, proporcionar espaço para novos autores 
e compositores, estimular e encorajar aqueles que nunca se apresentaram 
num sarau ou mesmo falaram num microfone em público e promover lançamento 
de livros ou Cds, sem custo algum para o artista. 

São duas edições mensais. Em 2013, atravessei a ponte e fixei o encontro, toda 

quarta quarta-feira do mês, na Livraria do Café, no Shopping da Gávea, das 19 às 21:30. 
Em Niterói, passará a acontecer. toda segunda quarta-feira do mês, 
das 18 às 22:00 horas, no MAC Niterói.















Um Brinde à Poesia Nit. Especial "Mulher"




Coordenação e Apresentação: Lucília Dowslley

Músico Residente: Fábio Pereira

Celebrando Centenário: Vinícius de Moraes

Contador de Histórias Mirim: Arthur Freitas

ESPECIAL MULHER

Poetas Convidadas: Márcia Mendes, Maria da Conceição Fernandes, Cristina Lebre, 
Regina Vilarinhos, Belvedere Bruno, Denizis Trindade, Marisa Queiroz, Maria do Carmo Bomfim, 
Maria Helena Latini, Vânia Lucia, Débora Moreno, Patrícia Porto, 
Ianê Mello, Ronalda Teixeira, Lena Moraes, Mariza Sorriso, Wanda Monteiro, 


Canja Diversos: Você - Traga um poema ou música e apresente na canja
(inscreva-se na hora, na página de eventos do facebook)

SAUDAÇÕES A TODOS!

Produção Geral: Lucilia Dowslley 
Produção Executiva: Cristina Ramos
Assistente de Produção: Teresa Cristina R. Dowsley














Lucília Dowslley


Jornalista, poeta, fotógrafa e atriz, nascida em Niterói, no Rio de Janeiro.



LEIA MATÉRIA NO COMUNIDADE NEWS NY. 
ENTREVISTA POR SELMO VASCONCELLOS NA 1ª ANTOLOGIA POÉTICA MOMENTO LÍTERO CULTURAL:http://antologiamomentoliterocultural.blogspot.com/2010_05_01_archive.html

ACESSE SITE: http://www.wix.com/luciliadowslley/lucilia




Lançou em 11 de junho de 1999, o Um Brinde à Poesia Movimento 

pela Paz e Liberdade de Ser, 

inspirado em sonho. O símbolo do projeto é a foto da estátua de um Anjo tirada, em 1998, 

no Central Park, intitulada Meu Anjo. 

Mensalmente a escritora promove saraus, tendo inclusive já se apresentado no Paraguai, 
  
Nova York e Nova Jersey. Comemorando cinco anos do Movimento 

lança seu primeiro livro de pensamento, foto e poesia com o título Um Brinde à Poesia.


Trabalha nas seguintes atividades: 

Fotografia - Jornalismo – Designer Gráfico – 
Produção Cultural – Artes – Literatura – Educação - Teatro
Graduação em Jornalismo – Faculdade Hélio Alonso

Oficinas de Teatro e Montagem de Peça Teatral, 
com os diretores Françoise Fourton (1997), 
Anamaria Nunes (1997/1998), 
Marcio Trigo (2003/2004), Marcelo Aquino (2009/2010), entre outros.


PRINCIPAIS FATOS BIOGRÁFICOS (A PARTIR DE 1997)

1997 - Trabalha no Jornal Verbo & Imagem da Fundação de Artes de Niterói
1997 - Se apresenta pela primeira vez como poeta num evento literário, 
no Centro Cultural Paschoal Carlos Magno, o Happening Lunar, coordenado por Carlos Mantra.
1997 – Participa, como atriz, da montagem Crônicas Pantagruélicas do Infâme Rabelais, 
de Ana Maria Nunes, no Teatro Municipal de Niterói 
e no Teatro Glauce Rocha, interpretando cinco personagens,
onde foi aplaudida em cena aberta várias vezes.
1997/1998 - Trabalha como Fotógrafa da Bloch Editores, 
fazendo fotos externas e em estúdio, 
um deles o PROJAC da Rede Globo, registrando cenas de novelas.
1998 - Viaja para Nova York pela primeira vez e fotografa O Anjo, 
no Central Park, imagem revelada em sonho para ser símbolo do Um Brinde à Poesia.
1997/1998/1999 - Monta a Cia Teatral Máscaras com jovens entre 17 e 25 anos.
Escreve, dirige e produz Viajando nas Páginas Musical Infantil, 
no Museu do Ingá e no SESC Niterói.
1997 - Escreve, dirige, atua e produz Flashes & Folhas projeto multimídia reunindo poesia, 
fotografia, teatro e música, retratando a realidade dos moradores de rua 
contrastando com a harmonia da natureza, 
no Plaza Shopping, na Estação Livre Cantareira, em Niterói e no 
Espaço La Folie, em Botafogo. Nesta ocasião trabalha 
como voluntária do projeto Pró criança, dando aulas de teatro e tirando meninos das ruas.
1999 - Trabalha com publicidade na Revista Portos e Navios.
10 de maio de 1999 - Sonha com toda a ideia do Um Brinde à Poesia 
e no dia 11 de junho faz o lançamento num sarau homenageando Fernando Pessoa 
e Vinícius de Moraes, reunindo 60 pessoas e
distribui a primeira edição da revistinha literária, 
que chegou a ser publicada até o número 65.
1999 a 2002 - Apresentou o Um Brinde à Poesia em bares e 
Espaços Culturais da cidade de Niterói, entre eles: Museu do Ingá, 
Clube dos Advogados, Teatro da UFF
2003/2004 - Apresenta Um Brinde à Poesia mensalmente 
na Livraria Ver & Dicto, chegando a ter 80 pessoas reunidas por noite. 
Lançando seu primeiro livro Um Brinde à Poesia, 
fotos pensamentos e poesia, numa edição independente 
com tiragem de mil exemplares.
2005 - Viaja para Nova York e fica lá durante seis meses. 
Recebendo o convite para relançar o livro na sede da Seicho-no-ie, 
em Nova York e em Nova Jersey. Recebe o incentivo do diretor da UBNY 
(União Brasileira de Escritores de NY) e dos jornais 
Comunidade News, Brazilian Voice e Brazilian Press.
2006/2007 - Inaugurou e dirigiu o Ateliê do Poeta, em Itaipu, 
Niterói, participando da Rota das Artes e 
promovendo workshops, palestras, espetáculos e exposições. 
1999/2011 - Criação, produção e apresentação do evento cultural 
Um Brinde à Poesia, com edições nos principais espaços culturais 
da cidade de Niterói, com passagem em Nova Jersey, Nova York e Paraguai, 
2000/2012 - Aulas de Informática, Teatro e Criação de 
Textos para crianças (3/10 anos) e Clube de Leitura no 
Jardim Escola Sementinha Iluminada e CIEP Várzea das Moças.
1999/2011 - Oficina de Criação e Interpretação de texto 
e teatro, para jovens e adultos.
2009 - Participa da montagem teatral Cabaret Wilde, 
como atriz, com poesias próprias inseridas 
no espetáculo (Salomé), no Solar de Botafogo.
2010 - Criou e coordenou a Sala Fala Poeta, no Centro de Niterói, 
onde aconteceu mensalmente o sarau pocket/clube de leitura 
Coração Poético. Espaço que utilizado também para ministrar 
as Oficinas de Criação e como estúdio fotográfico
2011 - Fixa Um Brinde à Poesia como evento mensal no 
Museu de Arte Contemporânea de Niterói, 
todo segundo sábado do mês, das 15 às 28 horas.
2012 - Lança CARMIM, o segundo livro na Sala Carlos Couto, 
Teatro Municipal de Niterói, 
em maio, pela Editora NitPress
2012 - Estreia com Um Brinde à Poesia, na Livraria do Café, 
no Shopping da Gávea, 
toda quarta  
quarta-feira do mês, das 19 às 21:30






Exposição Fotográfica:



Flashes &Folhas – Novembro de 1997, Ateliê Art Center, São Francisco Niterói. Plaza Shopping e 
Estação Livre Cantareira, Maio de 1998. Espaço Cultural La Folie, Botafogo, Agosto de 1999. Encontro 
pela Paz e Liberdade de Ser, Paraguai, novembro de 2000. Exposição multimídia, com projeção e performance poética, 
apresentando fotos de moradores de rua de várias cidades como Rio de Janeiro, Nova York, Niterói, Teresópolis, entre outros, contrastando belas paisagens naturais. Dia Mundial da Fotografia - Sociedade Fluminense de Fotografia – Coletiva, 2001. Um Olhar Sobre Niterói, fotos em homenagem aos 428 anos de Niterói. Sala José Cândido de Carvalho. Luzes do Som, SESC Niterói, maio de 2003. Fotos de shows de Moska, Biquíni Cavadão, Joana, Luciana Mello, Alceo Valença, Frejat, entre outros. Curando Desirré Monjardim, setembro de 2004, coletiva, Espaço Cultural MODA, Ingá, Niterói. COLETIVA – Centro Cultural Paschoal Carlos Magno, abril de 2006. Espírito das Ruas, fotos de Nova York, julho de 2006, Ateliê do Poeta, Itaipu, Niterói. Natal Feliz, coletiva, Barra Vento Center, Piratininga, dezembro de 2006/2007. Niterói Poética, Livraria EDUFF, Icaraí, Niterói, Novembro, de 2008. Um olhar sobre Niterói, FLUP – Casimiro de Abreu, maio de 2011.








Outra atividade da artista é desenvolver souvenir e brindes a partir das composições de foto e poesia.
 Entre eles: camisetas, canecas, imãs, chaveiros, pôsteres, quadros, postais, entre outros. 
Participou da criação de souvenir para o catálogo Souvenir Rio Niterói, 
lançado pelo SEBRAE/SENAC, em 2008.
 


Fábio Pereira 










Vinicius de Moraes





Poeta essencialmente lírico, também conhecido como "poetinha", apelido que lhe teria atribuído Tom Jobim
notabilizou-se pelos seus sonetos. Conhecido como um boêmio inveterado, fumante e apreciador do uísque, era também conhecido por ser um grande conquistador. O poetinha casou-se por nove vezes ao longo de sua vida e suas esposas foram, respectivamente: Beatriz Azevedo de Melo (mais conhecida como Tati de Moraes), Regina Pederneiras, Lila Bôscoli, Maria Lúcia Proença, Nelita de Abreu, Cristina Gurjão, Gesse Gessy, Marta Rodrigues Santamaria (a Martita) e Gilda de Queirós Mattoso.
Sua obra é vasta, passando pela literatura, teatro, cinema e música. No campo musical, o poetinha teve como principais parceiros Tom Jobim, Toquinho, Baden Powell, João Gilberto, Chico Buarque e Carlos Lyra.







Belvedere Bruno


Nasceu no dia 17 de outubro, em Niterói/RJ, onde reside.
Cedo despertou para as letras, fato que deve ao incentivo do pai, 

que sempre presenteou os filhos com livros.
Atualmente, dedica-se às prosas, que é onde mais se identifica.
Tem várias antologias publicadas, como diVersos - 

Scortecci, @teneu.poesi@, Scortecci, Com licença da palavra- Scortecci, 
O Conto Brasileiro hoje - Volumes VIII, Volume X e Volume XII-RG Editores. 
Tem  extenso material divulgado em mídias diversas. Belvedere é 
divulgadora cultural e roteirista .Vinho Branco, safra especial 
de contos e crônicas , seu voo solo,foi lançado em 2010.
Tem pubicações em países da América do Sul e na Europa - Portugal
É colunista do Jornal Santa Rosa - Niterói



A Porta

A porta fechou.
Inesperadamente.
Ficou um cheiro de jasmim,
e a lembrança suave das palavras
sempre tecidas em ternuras.

No porta-retrato, aquela alegria serena.
Tudo permanece
como num quadro de memória.
_ Só ele não está mais aqui._


Quarta-feira


Caí de quatro
ao saber
que, de fato,

acabou
nosso romance,
que sempre esteve
fadado ao fracasso...


Meus olhos
não queriam enxergar.
Só viam lantejoulas,


vidrilhos , paetês
e o som era sempre
de carnaval.


Na verdade, sempre foram
cinzas de quarta-feira.


Voos

Um bem-te-vi nesta manhã

não cantou.
O sol se escondeu.



À noite, uma estrela parecia brilhar,



mas logo se esquivou.

Risos desapareceram.

Um silêncio imponente

ocupou o espaço onde antes
habitava um menino



que voou.


Tragam terços,

hai-cais, óleo ungido,
cantos de corais.

E Paz.

Rosas Pálidas

Retirei do buquê

a rosa pálida.
Nada queria



que me lembrasse
tristezas, nem
frustrações
em cadeia.

Refiz o buquê,

deixando

apenas os botões.

Decidi aguardar

o florescer.


Recolhimentos

por tempo
indeterminado
recolho



as alegrias
dou férias
aos meus sorrisos
e me entrego

aberta

às tristezas

de minhas perdas

_sangria inútil_



Suicídio

hoje senti vontade
de matar a outra
que existe em mim



ser uma cansa
imagine duas
penso seriamente



em matar a segunda

e ficar apenas

comigo





Portas Abertas


Portas abertas...

A bem da verdade,
nunca uso trancas.

Quantas vezes

me abaixo, catando
mil e tantos cacos.

Não me despedaço!

Apenas proíbo

que tons ocres
decorem meus dias.








Psiu!


Silêncio!

Há vozes que se retraem
com medo da vida...



Sofrências que isolam,



num arrastar de correntes,



lágrimas em ponto-de-cruz...


Coroas de espinho,

enfileiradas para a via crucis.

Por que sofro,

se nada tenho com isso?






SOMBRAS DE NATAL


Tâmaras, damascos e passas
sobre a mesa me trazem delicada



imagem de papai.



Tonalidade, textura e o arranjo cuidadoso



dão perfeição a um surpreendente



quadro de saudade




Fica



Peço que não vás.

Fica mais um pouquinho.
Como passarei os dias
sem ouvir teu riso e sem fitar
o verde- musgo de teus olhos?
Peço que não vás.
Há um chamado do mar, do sol,
das flores, [sobretudo das azaléias],



pedindo que fiques.
Por isso, não vás!
Diz-me que nada do que falam
é verdade,e que nunca houve

prenúncios de partidas...







Um Poema Simples


Amanhece. Debruçada

à janela, vejo o movimento
dos pescadores.

Há contagiante energia.

A monotonia, se passa,
não encontra onde estacionar.

Por alguns minutos,

sonho pertencer
a tão vibrante universo.

Integro-me, desatando os nós

que me prendiam
à opacidade dos meus dias.











Cristina Lebre






50 anos, jornalista formada pela UFF. Pós-graduada em Gêneros Textuais 
e Interação pela UNIPLI, e formada em Inglês pela Esol – 
Cambridge, em convênio com a Cultura Inglesa do Brasil. 
Foi locutora da Rádio Fluminense FM – a “Maldita”, 
no período de 1982 a 1985, durante o apogeu da rádio 
comandada pelo jornalista Luiz Antonio Mello. 
Escreve desde criança, textos, contos e, principalmente, poesia. 
Lançou seu primeiro livro de poesias –" Olhos de Lince " – recentemente, 
e já tem material para a edição de mais dois livros, um infantil 
e um de contos e poesias. Trabalha como freelancer 
de jornalismo e revisão de textos para assessorias e pessoas físicas.
"Cristina Lebre, carioca, migrou para Niterói nos anos 80, 
quando fez Comunicação na UFF e formou-se em jornalismo." 




Quem és, Deus?


Deus,
é o vento brando a Sua suave voz?
É a brisa,
que agita nosso cabelos,
Seus sussurros de amor a nós?
É o furacão Seu carão?

E o mar, Deus, é o Senhor em sua forma líquida?
E a areia soltinha, delícia em nossos pés?
E as ondas fraquinhas, carícias em Sua voz?
E as ondas gigantes, Sua ira, Seu revés?

Deus,
É o céu sua forma azul?
E as nuvens, seus anjos inventando figuras?
E as estrelas, do paraíso Seus pontos de luz?
E o sol?
Seu abraço quente na gente?


Deus,
mostra na grandeza das montanhas
no rugido dos trovões
nos raios e tempestades,
no que te agradamos
no que te provocamos
o tanto que te magoamos.

Mostra às criaturas
que você mesmo fez
como devem viver
o que devem fazer
com Sua criação,
para Te alegrar
para te satisfazer
para fazer eterno
o Seu prazer de nos ver.

Fala sobre os montes
sob os escombros dos terremotos;
diz pros homens
o quanto eles mesmos os cavaram
enquanto não se amaram
enquanto não Te temeram
enquanto somente cobiçaram
e nem a natureza preservaram.

Esclarece os homens, Deus
fala do amor sobre todas as coisas
fala através de nós
que escolhestes para dizer
diz e convence os homens maus
que é o errar quem traz para o viver
o sofrer.




Outra Vez O Amor


Vem, amor, suave como beija-flor
na madrugada
pousar em meu peito
que bate excitado, sonhador.

Vem, rasteiro com o som da noite
regar o triste canteiro
de minhas lembranças de dor.

Vem, aflito novamente
com seus sintomas da doença amor
sacudir minhas pernas
tremular meus olhos
provocar meus desejos.

Bem-vinda, faceira taquicardia
quanto tempo, gostosa tremedeira
vem, do jeito que quiser
anjo, incógnito
pode vir
pode levar-me de novo
ao seu imenso mundo das incertezas.

Vem, nesse molejo cadente
com seu jeito moleque, desobediente
vem me fazer atravessar as noites às saudades
mostrar-me seus desencontros e vontades
trazer de novo o pulsar arrítmico do meu coração
atordoar meu cérebro perdido
inerte na paixão.

Pode vir, assim mesmo
com a semente de suas dúvidas
ressuscitar meus medos e receios
intimidar minhas inseguranças
invocar sua sensibilidade
tão natural, tão leve
eterna esperança.

Vem, feito menina alegre
deitar a cabeça em meu colo
suscitar em mim suas perguntas sem respostas
despertar em mim as mais quentes propostas
sussurrar pra mim as mentiras que tanto gosta
vem ser você.
vem com você.





Pássaro Fugidio


Onde estão suas asas,
para pousarem em meu colo
como o descanso do filhote?
Para se abrirem leves no espaço
Como a saudação dos justos?
para voarem livres num céu límpido
mostrando as direções
do meu horizonte?

Guardou seus sonhos
escondeu seus anseios
trouxe-me pesadelos.

Por que fugiu com esse olhar triste?
para me deixar solta
em longas madrugadas
como a ovelha perdida do pastor?
Para me deixar presa à sua imagem
como fiel devota?
Para me nutrir de conflitos
expondo meus medos e dúvidas?

Fincou cercas ao meu redor,
plantou sementes num solo distante
de onde, mesmo assim,
colho a mágoa e a angústia.

Agora cato seus pedaços
na trilha sórdida em que se transformou meu caminho
no barro úmido onde me lambuzei,
escorreguei cansada e,
 a um companheiro pranto,
me entreguei.


Cascata


Vem, poema
vem feito regra
e escorre na pedra
pra eu copiar.

Venham, palavras
certas, claras
venham correndo
pra no silêncio abafado
eu decifrar.

Vem, solidão
eu sou poeta
e quero de ti
consideração
pois preciso de ti
pra compor um refrão
sem interrupção.

Já tomei banho de lua
na praia deserta
e um amor de verão 
me viu nua e liberta
da satisfação, da hipocrisia
minh'alma arredia.

Desçam da mente
ao papel, sem motivo aparente
mas desçam, porque sou poeta
e esta é a minha meta
contar o amor
minha mente é inquieta.

Quem faz poesia
não vive, sofre
não dorme, sonha
com a tela vazia 
a encher-se de estrofes.

Quem faz poesia
percebe, procura e sente
abre chagas no peito
tem sangue de gente
que morre de amor
mas não cansa de amar.

Segue escrevendo
e sentindo tão fundo
a agonia do mar
que se afasta e se achega
e toca na areia
em ondas sozinhas
constantes, vizinhas.

Quem faz poesia
tem a alma vazia
pra vida comum
que cedo inicia;
mas cruza noites em claro,
a encher o caderno 
dos versos mais raros.





Débora Moreno 


Cresceu lendo os livros de Daniel Azulay. Hoje poeta, 
declamadora e escritora. Está escrevendo o décimo nono 
livro de poesias. Em 2010 lançou "Sapatos do tempo", 
em 2011 lançou "Homem de areia" e a exposição de fotos 
"Progresso fotografado" e no dia 02 de junho 
de 2012 lançou "Arte da imaginação".


Debora Moreno de Souza, 38 anos de idade, nasceu no dia 16 de janeiro de 1975. 
Ex- catadora de materiais recicláveis . Ex- faxineira e Ex- empregada doméstica. 
Sempre gostou de ler. Aos 11 anos de idade ganhou da mãe uma coleção 
de livros do artista Daniel Azulay, sem ele saber é um dos responsáveis no trabalho 
artístico produzido por Débora. 
Aos 14 anos de idade começou a escrever redações no colégio, onde cursava a oitava série.
Já maior de idade começou a ler textos de Machado de Assis.  Amo assistir a documentários. Aos 27 anos de idade foi despertando a vontade de declamar poemas. 



Quando Escrevo Um Poema

Resumo ali um país.
Em cada porão,
vejo uma vila de casas.
Em cada escola,
vejo um estádio lotado;
Não há perdedor,
Todos são vencedores.
Em cada árvore vejo uma feira,
As frutas não são caras e todos podem comprar.
Em cada banca de jornal,
vejo uma infinita biblioteca onde as pessoas sempre lêem.
Em cada sorriso vejo a felicidade durar bem mais.
Em cada fatia de pão...
vejo uma farta padaria onde o pão não custa caro.
Em cada entrevista de emprego,
Vejo o candidato já contratado... Todos têm o seu lugar.
Em cada hospital vejo a dor durar cinco segundos,
Após este tempo, a dor some.
Em cada fim de verso
Vejo o poeta acordar e observar em cada canto
A falta de oportunidade para derramar o suor,
Para que a carne, o arroz e o feijão seja cada vez mais consumido
Independente de qualquer situação.


Janeiro

Janeiro, toda vez que o vejo,
Lembro-me da milha,
Que sempre é acrescentada à minha vida.
E feliz é quem ainda pode,
Com os próprios pés andar.
Tem gente que não consegue,
Nem em pé ficar.
Uns desistem de caminhar
Por terem medo de não
Conseguir chegar.
Mas todo janeiro eu vejo
As conseqüências da ventania,
Árvores derrubadas,
Cidade inundada,
Lembro-me da milha
Que na minha vida é acrescentada.
Sei que não posso desistir,
Tenho um sonho,
Um caminho a seguir.
Na milha verde,
Na milha madura,
Na milha escura que sofre os preconceitos
Onde o predicado vira sujeito,
E até quem não se candidatou  é eleito.


Doze de Janeiro

Os dias podem passar
As horas correm e assim passam os dias
O tempo pode mudar quando quiser
As estações do ano podem chegar.
Pode ventar forte e levar as folhas das árvores
Que com certeza nascerão novamente.
Posso sorrir na alegria
E chorar quando eu estiver triste.
Posso caminhar na rua
E ver pessoas construindo castelos de areia
Ou castelos de pedras.
Posso resistir ao frio que a saudade traz
E ao calor do seu amor.
Posso fazer uma poesia
Que descreve o amor que sinto,
Posso sentir o seu abraço, sem lhe tocar.
É só imaginar.
Posso levar para a passarela
A elegância e a beleza da favela.
Sei que posso tudo isso e continuar dormindo
E acordando neste amor hospedeiro
Que respira palco e poesia nos braços da inspiração.
E a partir deste momento
Nasce mais um sentimento: Surge uma razão para o amor sempre valer.



Vitrine de Setembro

Vejo um rastro de saudade,
Sinto um gosto de beijo quase roubado.
Comemoro o primeiro poema.
Preencho a estrofe ausente,
Celebro por nós,
Os versos culpados, lançados no espelho.
Hora poema,
Outrora desejo.
Você me socorreu sabendo o destino dos versos de um amor que não conheceu.


  A Xepa

O mercado fechou
A alegria começou
o latão já está do lado de fora
A minha alegria começa agora.
Vou garimpar!
Tem legumes, frutas e verduras.
Hoje lá em casa não vai faltar.
É só escolher.
Eu fico feliz quando vejo este latão
E nesta noite tem até pão.
Vou aproveitar!
È uma forma de sobreviver
E não deixar nada faltar.
Eu finjo não perceber os olhares de transeuntes
São olhares assustados,
Penosos, preconceituosos e até penosos.
Estes são os olhares de pessoas
Que tem outro jeito de viver
E quando me olham
Parecem não entender.
Eu continuo aqui junto ao meu latão.
Faço a minha refeição,
Eu olho para o céu,
Vejo o quanto a lua é bonita,
Vou para a minha casa feliz e levo a bolsa cheia de comida.
Muitas pessoas sobrevivem deste garimpo.
Todos nós somos seres humanos,
Uma oportunidade esperamos,
Estes alimentos garimpamos diante de olhares estranhos.
Quem poderá dizer: Deste lixo eu nunca vou precisar comer.
É triste ver um País tão bonito, com tantas belezas naturais, passar por descaso e carecer de inúmeras coisas, por descaso de um poder que se intitula público.

Pássaro Fugaz


Protagonizou marcas dentro de mim,
Um ator,
Faz o seu papel,
Fugaz,
Aventureiro,
Herói no labirinto da esperança,
Apenas um ator de promessas vãs,
De beijos enlaçados pela ilusão.
Apenas um ator,
Minha luz,
Meu amor.
Às vezes parecer morrer,
É quase esquecido,
Quase liberto.
Então percebo que apenas adormece.
De repente acorda... Renasce das cinzas,
Forte,
Livre para mais uma vez acorrentar-me em suas grades,
Desperta,
Voa livre,
Tento te ver,
Pergunto-me onde?
Onde estás agora?
Olho dentro de mim e vejo um guerreiro cansado de tanto lutar,
Chamando pelo meu nome,
Tento te tocar, mas você, simplesmente some.




Denizis Trindade

Editora, Produtora Audiovisual, Facilitadora de Biodanza, 
Atriz e Poeta








Ianê Melo


É escritora carioca, professora e pedagoga. 
Experimenta diversas propostas em textos literários, 
desde poemas e haicais à prosa. 
Edita e participa de sites e foruns literários.
Blogs:
Outras Formas de Expressão:http://ianemello.blogspot.com.br/
Contato: iane.mello@hotmail.com





Naufrágio



Ousou amá-la como quem ama sem fronteiras
despindo-se do medo de entregar-se
Ousou amá-la como quem ama sem pressa
içadas as velas em mares profundos navegou


Ousou amá-la mais que tudo e além
abandonando-se ao encanto de pertencer
Ousou amá-la e por amá-la tanto
olhos em pranto assistiu sua partida



É...



É prego sem estopa
É pedra no caminho
É mosca na sopa
É pássaro no ninho


É o fim da estrada
É mulher parideira
É caminho para o nada
É a última e a primeira


É vida sem sorte
É caminho sem trégua
É a busca da morte
É escrita sem régua


É o tudo no nada
É o nada que resta
É a boca fechada
É o final da festa


É o sim e o não
É a língua afiada
É o sonho na mão
É a vida e mais nada



A Tecelã



Sobre o peito o infinito vago
costurado em linhas finas de seda
Tecelã aprendiz no ofício
com vagar minhas mãos tecem,
fio a fio,
cautelosas, mas precisas


Se o ponto erro
não desencanto
apenas o desfaço e
novamente busco o passo,
o compasso, o ritmo


Tecendo, tecendo, tecendo
ritmados movimentos
nos pentes do tear
para frente
para trás
para frente
para trás


A trama da vida
nos fios
a teia de ilusões
nas mãos que se entrelaçam
ponto a ponto
Com afinco, com dedicação
Construindo a trama como fiandeira,
delicadamente, como se fosse a última
como se fosse apenas a primeira.



E Que Venha A Palavra



Que a palavra adentre o verso
em suaves movimentos
sem requintes, nem propósitos
pura e simplesmente escoe
como a fina areia de uma ampulheta
escorre sutilmente e sem pressa


Que a palavra entre como o vento
pelas frestas da janela entreaberta
e se acomode sobre as mobílias
formando uma fina camada de pó
encontrando seu lugar e seu momento
na casa da memória e do esquecimento


Que a palavra nos tome de surpresa
e se encaixe no quebra-cabeças
revelando todos os sentidos ocultos
todos os mistérios do não dito
nesse silêncio que cobre distâncias
nessa fera que habita o desconhecido


Que a palavra brilhe em súbito reconhecimento
como um eco sempre ouvido mas distante
como tudo que começa sem aviso
como o amor que de repente chega
sem que sequer se perceba quando
sem que se saiba onde estava guardado



Onde Cabe A Minha Tristeza



A minha tristeza cabe
em sonhos desfeitos
em intensos tremores
em profundos dissabores
na solidão compartilhada


A minha tristeza cabe
em procuras infindas
em tardes insalubres
em deslumbres febris
nos perdidos ardis


A minha tristeza cabe
em pontes para o nada
em estradas infindáveis
em caminhos tortuosos
no labiríntico viver


A minha tristeza cabe
em palavras suspensas
em perdidos amores
em insolúveis temores
no vazio derradeiro


A minha tristeza
Só não cabe mais
Em mim




Lena Moraes 

É poeta, filósofa, arte-educadora e produtora de eventos e 
reinventos, maruja nos mares da alma, aspirante à capitã, na vida, 
observa e transcreve, existe o bastante para se emocionar, 
se espantar, sentir angústias e encantamentos, ao fim: da sua dor faz espada, não de ferir, mas de abrir outros caminhos. É militante poética nos saraus 
“Corujão da Poesia e da Música” (Leblon, Barra da Tijuca, Catete e Ipanema), 
“POLEM” (Leme), “Pelada Poética do Leme” (Leme), “Evento Ensaios” da “Academia Marginal de Letras” (Ipanema, Tavares Bastos e Lapa), “Arte em Andamento” 
(Catete, Lapa e Copacabana), “Sarau da Mariazinha” 
(sarau infantil - Tavares Bastos e Cinelândia), “Cabaré da Poesia” (Catete), “OPA – Ocupação Poética do Alemão” (sarau infantil - Complexo do Alemão), “Ponte de Versos” (Copacabana), 
“Um Brinde à Poesia” da “Livraria do Café” (Gávea), “Poesia de Primeira” do “Centro de Artes Maria Teresa Vieira” (Centro) – Rio de Janeiro/RJ, e na “Off FLIP” / 
“Feira Literária Internacional de Paraty” - Paraty/RJ, de 2009 
ao presente momento. É autora e produtora da “Oficina Literária 
Musical PalavrAção”, tendo sido facilitadora na mesma em parceria com o músico, compositor, cantor e arte-educador Glad Azevedo, junto a 
adolescentes em conflito com a lei do Instituto Brasileiro de 
Desenvolvimento Social e Educacional (INBRADESE) e da 
Associação Capixaba de Desenvolvimento e Inclusão Social (ACADIS), 
no Projeto “Niñez sin rejas”, que visa a ressocialização de adolescentes 
em conflito com a lei - Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) – 
Vitória/ES, em 2010. Foi organizadora e produtora do “Sarau Infantil 
Arte e Alegria”, que em sua 2ª edição integrou a “III Semana da Poesia Rio” – 
Catete – Rio de Janeiro/RJ, em 2010. Foi organizadora, produtora 
e apresentadora do “Sarau Boca de Leão”, acontecido no lançamento 
do livro “Boca de Leão”, de Leão Leibovich, o qual teve revisão e 
prefácio feitos por ela, acontecido no “Rio Rock & Blues Club”/Lapa – 
Rio de Janeiro/RJ, em 2010. Foi madrinha do sarau “Corujão da 
Poesia e da Música” de São José do Rio Preto, realizado na 
Casa de Cultura da Secretaria de Cultura da Prefeitura de São José 
do Rio Preto/SP, e do sarau “Corujão da Poesia e da Música” da
 FNAC de Ribeirão Preto/SP, ocorridos em 2010 e 2011. Foi 
organizadora e produtora da “Marchinha Arte e Alegria”,
 ala infantil da “I Marcha Poesia, Paz e Amor”, acontecida na 
“IV Semana da Poesia Rio”, para a qual confeccionou instrumentos 
de percussão à base de materiais reciclados, caixas e latas – 
Ipanema/Arpoador – Rio de Janeiro/RJ, em 2011.
 Foi palestrante convidada na disciplina Estética do Curso de 
Pedagogia da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), 
para abordar questões referentes ao lugar da Poesia e do Poeta no 
mundo contemporâneo – Rio de Janeiro/RJ, em 2011.

*

Apedrejem a mulher que navega na alma
Cortem-lhe os punhos
Arranquem-lhe a língua
Ceguem-na
Façam-na enlouquecer
A nomeiem de bruxa, feitora de feitiços
De sereia, vampira
Gata, serpente
Amem-na, o amor mais ardente
A queiram sete mil vezes
Deixem seu sangue inundar a praça
Exposta como caça
A mulher que navega na alma
Deverá ficar como troféu
Ao meio da praça, morta
Símbolo do fim da vida
Do fim do que pulsa certezas e dúvidas
Fim de tudo o que se possa sentir
Símbolo do fim do amor à vida
A mulher que navega na alma
Foi morta por amar a vida.

*

O meu amor há de me entrever inteira em minhas quinas
Há de me cuidar em minhas encruzilhadas
E de me intervir com seus olhos de meu menino
O meu amor há de se mostrar o mais puro
E o mais capaz de me enlouquecer de pleno prazer
O meu amor há de me ter sua menina
E eu, sua quase mulher
Beijarei seu corpo todo
Na lenta nitidez de um querer
Provável amor
Febril
Profano abençoado
Um deus 
O meu amor há de me pôr pequena em seu colo
Pra que eu caiba exata entre seus braços
E desapareça do resto do mundo em seu abraço
Será uma pintura
Em movimentos de beleza em preto e branco
Ritmados em riquíssimas rimas
Seu corpo na cama
O seu e o meu, em prana
Seus olhos me chamam pra dança
E eu vou
Logo depois do silêncio do seu beijo.

*

A Lua
Sorriso do gato de Alice
Nunca chora
Sabe sorrir mais pra um lado 
Mais pro outro 
Sabe sumir 
Sabe encher até quase explodir 
Mas não chora 
Sabe, obediente, reluzir por desejos do Sol 
E vai ver que é de tanto amor que lhe tem o Sol 
Que a Lua não sabe chorar.

*



  • Quando a lua cheia vai assim se despedindo

    Minguam também, com ela, os sonhos

    Que inflaram enquanto a viam

    Se fartar de tanta luz

    E de brilho, e de curvas

    Calmamente a seduzir

    O desejo humano de estar feliz

    Os olhos que a espelham

    Vão também esvaziando

    Então parece que a vida volta

    À peculiar elementaridade que lhe rouba o viço

    São saudades da lua cheia.

    *




  • 18:1











    Eu não sei se é ele que a convida

    O Sol

    Ou se ela o convida
    A Lua
    Mas quando ela nos priva de sua presença no céu
    É porque foi com ele
    Em lua de mel
    Com ele deitar e acordar
    Por algumas noites e alguns dias
    Pra depois voltar bela
    Nova
    Exuberante
    A encher-se daquela luz 
    Que inevitavelmente nos seduz 
    A fazermos igual ritual.


    *

    É que anja caída que sou
    Ainda tenho asas... 
    Ainda sei voar 
    Mas tanta sabedoria de vôo esqueci ao cair do céu... 
    Ainda me distraio e caio, me distraio e caio... 
    Fraturas expostas nas quedas: 
    A-penas impossíveis de ocultar
    (a-penas = ausência de penas, pesares, dores).




    Márcia Mendes

    Mulher, mãe, serena.
    Psicóloga por profissão, poeta por vocação.



    O Balde Verde



    No mar dormiam as redes,
    Os barcos de pesca,
    Que nadavam com os peixes,
    E o coração da menina
    Toda vez era assim
    Nas noites de lua cheia
    De espera resignada

    O sol lutava  pra não acordar
    E a lua pra não dormir
    Luz parca som de grilos
    Vaga-lumes na contramão
    Agasalho de flanela estampad
    Costurado na máquina de pedal
    Botões de madrepérola,
    Fios de afeto.

    O pequeno balde verde
    Imitava o grande carregado pelo avô
    Alegria no peito
    Cheiro de flor nos cabelos
    Canoas com os pescados
    Arrastavam as areias avermelhadas
    Impaciência indisfarçável
    Euforia dos ventos que tocam a infância

    Suspensa a descrença
    A magia do tempo traz
    O cheiro dos camarões no fogareiro,
    O bafo dos siris no caldeirão,
    A paella no tacho,
    O peixe frito no azeite doce,
    O canto das sereias na pedra musgada,
    E as nuvens que recolheram a memória


    Olhar Menino


    Riso solto
    Olhar menino
    Proximidade instigante
    A tempestade quase anunciada,
    Sobrevoava a hora do recreio

    O belo tapete verde
    Murmurava sem derramar
    Todas as músicas ouvidas
    Traziam o cheiro da  respiração
    Sempre disfarçada

    Desfolhado outono
    Despedida suspensa
    Resignada manhã
    O vazio não preenche.


    Canteiro


    Num dia de canteiro triste
    Plantei onze horas
    Da rosa, da amarela e da branca
    Todo dia, às onze horas
    O canteiro inteiro sorri colorido
    A noite antes de ir chamou a madrugada
    Que perfumou meu canteiro
    Com o cheiro do jasmim
    Assim que o sol rasga o dia
    Brota a saudade
    Aquela flor roxa
    Que esgota a alma
    Sangra o peito
    Apaga a lamparina
    E gela pensamento.


    Manhã



    Intimidade na cozinha
    Pela manhã
    Café  e pão fresco
    Parece cheiro de mãe
    Bandeja preparada com gosto
    Roupa pouca
    Roucas vozes
    Cotidiano acordando
    Mar ruminando
    Você me beijando
    Estou com inveja de mim.


    Perdidos


    Deixei algumas coisas no caminho ...
    Tive perdas ruidosas
    Árvores cortadas,
    Perguntas sem respostas,
    Deixei jóias, um roupão de iniciais bordadas,
    Uma banheira de mármore ...

    Minha cabeça, perdi algumas vezes
    Não me lembro bem onde larguei as palavras rudes
    Não sei também onde deixei
    [ minhas garras que precisei afiar muitas vezes
    Minha pele deixei sobre os galhos daquele tamarineiro
    Já era a hora, bastante tarde
    Eu precisava sair de mim.
    Sai.

    Olhei as nuvens que nunca se repetem
    Mergulhei em ilhas
    Li os sinais do céu e da terra
    Presenciei cometas pomposos

    Por mim passaram a inocência,
    A estrada errada,
    A luz no fim do túnel,
    A moralidade barata,
    E algumas ovelhas.

    Hoje habito meus sonhos apenas para que eu durma e que
    [meus olhos se fechem
    A verdade é atenciosa comigo
    Minha alma não me acusa
    Meu quarto não ficou vazio
    A cadeira de balanço ainda está lá
    E a almofada de crochê também ...
    A paz, nunca me deixou.

    Não me perdi de ilhas
    Nem deixei de nadar no mar verde
    Ainda conto as nuvens sem que me pesem as lembranças
    Na mesa ainda há espaço para a canja de galinha cozida
        [no caldeirão de ferro.

    O horizonte não esqueceu
    Das estrelas cadentes,
    Dos dias ensolarados na praia
    Da lua amarela vista do antigo balanço
    Dos poemas recitados
    Da cantoria na varanda

    O silêncio que semeio na alma,
    Às vezes cai de exaustão! ...
    A algazarra dos pássaros,
    Sempre acolhi com gosto.

    À frente minha estrada segue,
    Inconcebível acaso
    À borda os arbustos da infância
    [ que preferem o doce sabor das frutas

    As palavras que semeei
    Me beijam todos os dias!
    E quem dará ordem ao caos do meu acaso
    É o vento de brisa branda,
    Sabor da felicidade,
    Sol de qualquer estação.







    Maria da Conceição Fernandes


    ATO I D’accord 

    Nápoli os surpreende a cada dia! 
    Conhecida pela suas pizzas, feitas no forno a lenha, com bordas grossas e deliciosas, nos aromas de alho, manjericão e orégano. Sem utilização de rolos, artesões de mãos ásperas, tratam ávida a culinária com suas coberturas tradicionais de pizza: Margherita, Mariana, Calzone e Formaggio. O som da brasa da madeira ecoa. 
    Atraídos pelo convite dos amigos Alberto, Adriana e Lorenzo. Fernanda e seu filho Arthur enfrentam o frio do sul da Itália. 
    -“Nápoli é o berço da pizza”!
    - Mulher é Fernanda! Carece ser saboreada e abordada com tratos de uma pizza-dama!
    Fernanda deseja a brasa de um artesão ao dente; Mãos fortes que a segure em lençóis de beiras de seda em aroma afrodisíaco. Sem enrolasses de juras de amor eterno. Necessita de brasa em seu corpo, de um cobertor sincero, que a alimente de confiança e que sacie sua fome de homem e não de Zeus. 
    Sendo o significado da pizza, “mata fome”, a mulher também precisa de tratos constantes. A cada noite, na cama quente, um borogodó de ervas frescas diferentes, a leva as nuvens. A maioria dos homens gosta de serem os primeiros com a mulher e em tudo que os envaideçam. 
    Até nas pizzas há um debate entre o Egito e a Grécia de quem foi o primeiro a misturar farinha com água. 
    -Pizza é feminina! É arte, assim, como mulher!
    -É farinha do mesmo saco para os machões?
    -Mulher de Atenas, já era!
    -A disputa continua! Quem iniciou a mulher e a pizza?
    Sobre a pizza há um explorador de inovações, um viajante incessante de descobertas, nascido na belíssima Venezia. 
    -O encantador e misterioso, Marco Pólo! 
    Grande viageiro e contador de feitos, Marco Pólo viajou por muitos países, incluindo a China. Segundo a história, a China além de ser a pioneira de massas, produzia também, uma panqueca a que Marco Pólo sorrateiramente, entrando pelo porto de Nápoli, sugeriu colocar o recheio em cima, e não dentro, como era a panqueca da China. 
    -Fernanda precisa ser descoberta, alguém que abra sua porta entre aberta da paixão. Ser panqueca não há atrai, pois, precisa acordar sua crença de amores fundáveis e abrir-se para o mundo. Ser recheada de si! Um Marco, que a introduza a inovações num continente novo.
    -Pizza Fernanda!
    -Portanto, a pizza vem de Nápoli!
    -E donde vem a mulher?
    Mulher é lua apimentada de estrelas, é o derretido do queijo da pizza, fundido ao palato com um suspiro verdadeiro. AH! Quando se fala de mulher a fornalha é única, por isso tarefa difícil de compreensão. 
    Fernanda é deliciosa, no entanto, precisa refazer suas escolhas e optar por quem a deseje. Paparicos constantes em seu cotidiano. Se sentir amada e apetitosa como uma pizza.
    -Mulher vem do desejo!



    ANJO DO DESEJO





    “Quando nasci um anjo esbelto, 



    desses que tocam trombeta, anunciou:”(Adélia Prado)





    és mulher, guerreira de afetos.



    Verdades nas mentiras, não aceites ser boneca.



    Sê inteira, dor é amargura.



    Não há pecado nos bons desejos,



    serás a benção da maldição.



    Mulher é única!. “Eu sou.”.




    Maria do Carmo Bomfim


    É professora e psicóloga clínica com formação em Psicanálise. Atua, como  autônoma  no Rio de Janeiro, onde nasceu e vive. Tem poemas, contos e crônicas publicados em antologias, jornais e revistas do Brasil e Portugal. Premiada pela HUPE/UERJ, FEUC/RJ, UBE/RGSUL, APPERJ e Editora Delicatta(BIENAL DO LIVRO/SP). 
    Seu 1º. livro solo será lançado no dia 06 de abril no RJ. 



    Uma Vida Sem Rima



    Este sol me queima a alma e o verde,

     onde não vejo mais beleza, só desolação.

    Minha casa fica longe!

    Meus filhos , onde estarão?

    Que horas são? Que dia é hoje?

    O tempo me escapa.

    Um dia este gole seco

    que tenho na garganta preso

    e o aperto no coração

    vão se transformar num grito verdadeiro,

     que ecoará por todo este campo

     onde trabalho e não vivo.

     Quanta mágoa!
    Por favor, me passe esta bóia fria, fria.
    Só quando volto para a minha família,
    o caminho iluminado pelas estrelas no céu,
    levanto o meu olhar cansado e sonho:
    “um dia haverá esperança!”


    Dedicado a todas mulheres trabalhadoras que não sucumbiram a violência.

    Parto Natural

    As palavras copulam
    em minha mente
    e o poema nasce
    das entranhas
    dolorido
    encharcado do meu líquido
    sujo de sangue
    mas sai

    Corto o cordão
    banho-o
    com amor
    Não sei se é belo
    não sei se o querem
    mas é meu
    basta isso: é meu
    e isso é tudo

    Eu o ofereço
    ao mundo.



    Retrato de Mulher
      

    Já fui mais velha,
    no passado morri.
    Ressuscitei
    após me queimar ao sol
    e me afogar no azul.

    Já fui menos vulgar
    que o final destes versos.

    Procuro hoje
    o ritmo da vida,
    que enterrei lá atrás,
    à margem do caminho.

    Na poesia me encanto.
    Me viro, brigo, luto
    contra o medo
    que um dia me escondeu
    e  me fez tão tristonha.

    Não tenho mais senso,
    perdi a vergonha.






    Maria Helena Latini


    Poeta. Professora de língua portuguesa. 
    Pós-graduada em Literatura pela Universidade Federal Fluminense. Publicou "Roteiros de Vida" (Ed. Achiamé, 1991); "Ângela e Antônio" (Ed. Blocos, 1992) e "Fio de Prumo" (Ed. 7Letras, 2006). Alguns de seus textos foram selecionados para os espetáculos teatrais: "Ambulâncias na Contramão" - Direção Márcio Vianna - Museu do Catete, Rio de Janeiro, 1997; "O Último Bolero" - Direção Márcio Vianna - Casa de Cultura Laura Alvim, Rio de Janeiro, 1998; "Nas Voltas do Porta-Seios" - Direção Beth Araújo - SESC Rio e Niterói, Faculdade Salgado de Oliveira, Niterói e São Gonçalo, 2002; "Mulheres em Versos" - Direção Beth Araújo - SESC Niterói e São Gonçalo, 2005; "Canção de Tantas Marias", SESC Tijuca, Niterói e São Gonçalo, 2007 e "Niterói Versos Rio", Centro Cultural Paschoal Carlos Magno, Niterói, 2007. Participou como membro de júri dos concursos de poesias da OAB, Ordem dos Advogados do Brasil, Niterói, 2003 e da Universidade Federal Fluminense, em 2008. Textos publicados na Revista Comunità Italiana, em 2006 e em Poesia Sempre, Biblioteca Nacional, 2006. 



    Recado


    Deixo um recado 

    no espelho:



    - Estou em crise

    e exílio.



    É adolescência

    ao contrário




    essa turbulência

    vasta de sentidos.



     Do livro Ângela e Antônio, Ed. Nitpress







    Trama

    Planejo textos
    para bilhetes
    mínimos
    e sórdidos

    - Fui,
    para nunca mais.
    É o que posso fazer,

    lamento.


    No entanto,
    a ternura me prega peças
    e me amolece as pernas;
    sem quê nem porquê,
    ao cair da tarde.


    Do livro Ângela e Antônio, Ed. Nitpress






    Marisa Queiroz








    Mariza Sorriso



    Cantora, compositora, atriz e poeta,  começou a declamar aos 4 anos, 

    e aos 8 cantou pela primeira vez em público.


    Foi na adolescência começou a escrever.



    Aos 17 anos foi a vencedora da Gincana Jovem da Rádio Imperial 



    de Petrópolis, com a poesia Teus Olhos.


    Venceu também o primeiro concurso de acrósticos do BANERJ, tendo recebido menção honrosa por um segundo acróstico no mesmo concurso.
    Na música foi apresentada a noite carioca pelo cantor e compositor Nelson Sargento, em 1987, com quem fez diversos shows.

    Aos 20 anos recebeu por duas vezes, o prêmio de Melhor Intérprete em dois festivais de música, com sua composição Amor Saudade, sendo de sua autoria letra e melodia, prêmio que viria a receber novamente aos 33 anos no Festival ABANERJ  de Música Popular.

    A carreira de economista a afastou das composições poéticas por cerca de 15 anos.


    Estimulada pela produção do seu CD-Rio de Todas as Cores, com 12 músicas inéditas em homenagem ao Rio, lançado em novembro/11, contendo 2 composições próprias, voltou a escrever.

    A publicação do seu primeiro livro está prevista para o 

    primeiro semestre desse ano.


    Enquanto isso Mariza Sorriso tem se apresentado em diversos saraus e shows musicais, a saber:

    - Convidada Especial do mês de Agosto/12 no Sarau Música com Poesia;

    - Convidada Especial no Sarau Alma Tijucana – novembro/12

    - Sarau De Pautas Abertas, Um Brinde a Poesia, Dizer Poesia e Pelada Poética, esse último costuma se apresentar semanalmente


    - Porto Aberto Canjas Autorais junho/12

    - Livraria FNAC- Barra Shopping - AMOR E SUAS FORMAS, Sarau de Poesia e Música jun/12, 

    - Dia do Ferroviário - Centro de Cultural Estação– Petrópolis - abril/12

    - Show 25 anos de palco carioca – tendo sido apresentada por 

    Nelson Sargento agosto/12

    - Show Rio de Todas as Cores – Biblioteca Popular da Mangueira setembro/12
    - Show Rio de Todas as Cores – Centro Cultural Estação Nogueira novembro/12

    Aguarda resposta de vários patrocínios para a circulação do Show Rio de Todas as Cores para 2013 enquanto escreve o Show – Falando de Amor – um espetáculo com música e poesia para teatro.


    Palavras

    ( RL T4169459)



    Palavras, palavras, palavras...
    Ah! Como às vezes saem em vão
    Como não dizem o sentimos
    Como mascaram o coração!

    Saem pela garganta, feito arranhão
    Quando se encontram com a emoção
    Mudam seu rumo, sua direção,
    Ainda que tivessem uma outra intenção

    Palavras, palavras, palavras...
    Ah! Como eu preciso te dizer tudo o que sinto
    Que as palavras não medem meu sentimento
    Que preciso de você, do teu calor
    Que preciso conhecer todo seu corpo
    Que sensível     carente     como quiser
    Necessito de você como mulher
    Que por trás dessa capa de frieza
    Trago aqui dentro, guardado no meu peito
    Sentimento, carinho e paixão,
    Pra quando você vier.



    Mulher Alfa
    ( RL T4155290)

    Toda mulher Alfa,
              Sonha encontrar um Beta,
                                Para ver se Gama.

    (RL T3870789)


    Lua cheia, lua linda, lua de amor
    Tu és beleza, és encanto, és fulgor
    Nós os amantes, vigiamos tua aparição
    Para cobrir nosso leito de paixão.

    E então deitarmos em total delicadeza
    E nossos corpos desenhados por tua luz
    Fazer amor mergulhados na beleza
    Do teu olhar, do teu brilho que seduz.

    E mesmo o tempo, traiçoeiro da ilusão
    E as lembranças, que ao amor faz aliança
    Choram as horas da presença passageira
    Que tão fulgaz, desaparece na soleira.

    Oh lua cheia, lua branca, lua prata
    Lua guerreira, lua amiga, lua amada
    Penso que o sol, a essa hora te procura
    Para fazerem amor na madrugada.




    Abraço
    ( RL T3876956)

    Há braços
         e também
                    coração.
    Deve ser
            por isso,
                    tão bom!

    Prazo de Validade
    (RL T4114378)                                                                  

    Nossos sonhos e projetos
    Tudo agora é tão incerto
    O amor, a esperança
    Aquele meu jeito criança
    O meu sorriso, os teus olhos
    Um lábio quente a beijar

    Os abraços sorrateiros
    Um sentir tão verdadeiro
    Que fez nossa alma voar

    Essa coisa colorida
    Que muda, que transforma a vida
    Essa forma de se dar
    Em algum lugar parou
    E uma porta se fechou
    Pro seu e pro meu gostar.



    Rasuras
    (RL -T3876968)


    Rabiscos, rabiscos, mais rabiscos
    As palavras insistem em ficar
    Tento tirá-las mas elas não saem
    Parecem pelo poema, se apaixonar.

    Serão as palavras, como pessoas
    Que grudam na rotina das rimas
    Qual fossem amantes tentando salvar
    O que o destino destilou em triste sina?

    Palavras, rabiscos, pessoas, abismos
    Quão triste é a hora de acabar,
    Rabiscar um nome na agenda
    Rabiscar a palavra em um poema.









    Patrícia Porto

    Patrícia de Cássia Pereira Porto




    Professora e pesquisadora com Doutorado em Políticas Públicas e Educação, formada em Literatura, Poeta, cronista e contista. Possuo especialização em Alfabetização, mestrado em Educação no Campo de Confluência dos Estudos do Cotidiano e da Educação Popular ECEP. Participo do projeto Cultura, Memória, Narrativa, Imaginário e Educação na Linha de pesquisa de Política de Formação de professores do Programa de Pós-Graduação em Educação. Professora da rede privada, pública estadual e municipal há dezoito anos.



    Há quatro anos tem um blog onde publico meus escritos e guardados: "Patrícia Porto - Sobre Pétalas e Preces".




    Êxodo



    Nada mais canalha que o verso de gesto escasso:

    uma estampa qualquer a mil raios giratórios de distância da alma,

    a uma circunferência matemática de ausência ponderada,

    metricamente calculada com grosso calibre

    para alvejar seres de pequena dimensão.

    Por onde andam apontando suas armas?

    Agora sei onde não estou. Do ego ao oco, vago...

    E lugar nenhum é minha eira.

    Não beira, pois quanto mais alto o mirante

    mais alto o pathos e a queda.

    Nada mais calhorda que a piada estúpida

    da bondosa espécie, hipócrita e petrificada,

    caindo aos pedaços, caindo aos cadarços,

    caindo, caindo - como gotas,

    chuvas... Too much... "I'm a poet, and I know it."

    Velhas trepadeiras,novas esquinas sonolentas,

    nenhuma distopia, somente rotas e bússola nas mãos.
    Nenhuma voz de anjo decaído no deserto desse mapa...
    Apenas minhas nádegas sentando no sofá da eterna
    falta do que dizer, do que fazer,
    do que amar, do que entender.
    Para onde parto? Para onde o parto?
    It´s Soul long...
    Palavras e securas, sons de máquinas elétricas
    agora são sons de passado estrangulando as esferas.
    Está rindo? Então se ria e borre.
    Porque que sorte estranha: contar as calorias do jantar
    e as novas favas de existência pacífica.
    Cortar a grama com essa nova forma de inventar o vivido,
    tragando a fumaça de fora e toda droga segura
    para encarar cem anos de tortura e lucidez automática.
    Prefiro a genética distorcida, as raízes que adoecem de dor,
    o último suspiro do amante no ouvido, sem macular.
    Prefiro que me surpreenda, me surpre eennddaa
    não há ementa que se cure, não há mal que não perdure,
    não há estranhos que não digam até a hora final
    o que lhe serve melhor de arranjo.
    Prefiro a indecência da morte,
    toda luxúria sem capa,
    minhas tetas na janela colhendo a chuva
    sem exercícios de opressão. 




    Femina e o Corpo de Baile.

    ressaca nos engoliu as flores



    amor que é tudo que gera medo e sonho,

    amor e sobras de beleza nas calçadas

    juntando nossas sobras do jantar.



    meus e-mails no lixo do mundo

    apagados entre tantos...

    a noite busca sem sentido

    a lógica dos encarnados.



    a fome de teus beijos é insone.

    a noite estrelada sem tua língua,

    um mergulho sem rede.



    minhas vestes se queimam

    sozinhas, sem atravessar oceanos,

    sem terra que seja firme.



    teu corpo é o espaço da manhã anunciada

    e nós, afogadas, caberemos nele...

    Gozemos todas!







    O silêncio de Electra?



    Agora vou entrar no silêncio de Electra,

    porque esse silêncio está

    cheio de preces,

    de segredos de família,

    de telefonemas obtusos
    e vozes que velam
    o berro da placidez do lago.
    Basta o silêncio para ouvirmos
    a música que quisermos.
    E talvez só queiramos ouvir o silêncio
    e nele guardarmos o nosso som:
    que é um pouco de choro
    e um pouco de riso.
    Talvez seja o som do sonho que não ousamos revelar
    para não parecermos ingênuos.
    A aparência é muito silenciosa...
    O amor é quase silencioso.
    A paixão?
    A paixão não.
    É filha de Lilith.
    É o espelho de Vênus.
    É vermelha,
    Vermelho-vulcão,
    Vermelho-sangue...
    Pertence à outra natureza.
    Violenta flor da língua,
    a paixão é o grito do signo,
    a última gota da sintaxe
    contra o silêncio.
    E no princípio era o verbo?






    A Mulher Hera.



    Nasce em qualquer lugar,
    espalha-se entre vãos, paredes...
    veias abertas, inapropriadamente épica. Eras...
    Eu tímica e descendente da alma velha do mundo.
    Resistiu às tempestades,
    ao calor em excesso, aos tempos sísmicos,
    às intempéries do espaço.
    Invade muros e casas, palácios de reis decapitadores.
    invade até o dentro se não a podarem. E cria raízes.
    A mulher Hera é tão milagre,
    tão mistério, tão fases de si mesmo
    que chega a ser mera,
    mera atriz, mera sombra
    carregada de flores e anjos na cabeça.





    Pulsos e Bacias



    Precisava hoje de mãos

    para amansar a loucura

    e amassar o pão

    do mesmo fel do joio



    de Mãos para romper

    em dia as noites que fiz

    com doses de beber ventos



    para aquietar o inferno

    de memórias quentes

    de um volumoso mergulho nos rios

    mudados de curso



    Mãos lavadas

    para tocar o corpo inerte

    quase entregue ao prazer

    antes de sua morte triste



    para louvar todos os deuses femininos

    que inventei

    para exumar

    desencarnar

    o ódio

    e o riso

    E todos os ofícios
    da violência
    E todos os ossos do limbo
    mastigados sobre a mesa



    Mãos

    para estancar

    de dentro o mar

    de sangue

    a porra toda
    a vida doce
    a sanha o teto
    as carnes



    Entre dentes

    o fervor vaginal

    estupor, o tumor

    de intentos e os insetos

    os cães famigerando
    esfomeando,
    farejando: a menina
    as laranjas cortadas em quatro,
    as flores e os bagaços,
    os anjos pendurados
    para não sentir dor
    para não sofrer dor



    nossa senhora,

    mãe de todas as rezas matinais

    "me livre desse mal"

    Do teu manto

    desesperanço:
    a santa é surda



    Mãos de dentro

    dentro

    onde tudo dói

    dói o mais



    Crucifica

    existir fora



    Insistir, pai

    dói demais

    te parir, pai,

    puta merda,

    mulher de mim
    todos os dias
    sem nenhum pau
    advento ou luz
    só com meus pulsos
    tua rinha
    teus galos
    e as galinhas
    que tia Marta mata
    tranquila
    nas bacias



    Doeu tanto existir, pai






    Regina Vilarinhos


    É gaúcha, cidadã voltarredondense, filha do Vilarinhos 

    e da Ignez, casal que contribuiu para a história da cidade, com sua ativa participação nos movimentos religiosos. Escreve desde os 16 anos, tendo participado da Exposição de Talentos da PMVR em 1998. É licenciada em Letras, pelo UGB/Volta Redonda; publicou o livro independente "A chave e a senha - pequenas porções de poesias de Regina Vilarinhos", em 2008, na OFF FLIP, Parati.
    Finalista entre os “100 melhores poemas do Twitter”, 2010, promovido pela FLIPORTO-PE. Finalista do 2º Concurso Carioca de Poesias, em 2005; foi convidada para o Festival de Poesia do Circo Voador, em 2006; apresenta seus poemas desde 2006, na OFF FLIP, circuito paralelo à FLIP Parati; em 2009 e 2011, foi selecionada para a Oficina Literária da FLIP Parati. Participou da mesa redonda na Casa dos Autores, na FLIP 2010, junto com Jean Carlo e Giovana Damaceno, com o tema “Concursos Literários”.
    Desde 2005, coordena o Projeto Poesia em Volta, que hoje, junto com Anielli e Giglio, fazem saraus, oficinas poéticas e já se apresentaram no Rio de Janeiro e Niterói. 



    Publica no blog 








    Cura Poesia 




    Poesia pra mim é cura. Não para doença ou vício.

    Pode ser na palavra escrita, na música ouvida, na foto revelada ou na dança valsada.
    Sinto, toco, caminho poesia todos os dias, por entre minha rua, entre os prédios e seus jardins. Vejo poesia na placa do carro dos amores que vem e vão, nos olhos brilhantes de meus pais, na cama forrada com limpos lençóis.
    Bato com poesia na cara quando o vento fecha a porta,
    dói poesia nos joelhos quando caio no chão.
    Como poesia com café com pão, feijão com arroz,
    com coca gelada, na mesa para dois.
    Vinho poesia, cervejo poesia, choro poesia, grito poesia.
    Roupa lavada com poesia.
    Amaciante, pregador, varal e passada a ferro, a poesia.
    Em rio de poesia, nado de costas.
    Em dia de poesia, ofusco os olhos no sol.
    Poesia em pedra dura,
    poesia-me com quem andas,
    mais vale duas poesias nas mãos...
    Aliás, é um tratamento, que nem sei se termina, mas que me alivia.





    Oração





    Vinícius nosso que estais no céu,

    santificados sejam todos os Bandeiras,

    venha a nós a vossa Pasárgada.

    Sejam editados todos os nossos livros

    e pagos o direitos autorais,

    assim na terra como no céu.

    Ao verso nosso de cada dia

    nos dai inspiração hoje.
    Perdoai as nossas poesias,
    assim como nós perdoamos
    aqueles que não nos tem lido.
    Não nos deixeis cair no lugar comum
    mas livrai-nos de todo verso comercial!
    Amém!"






    Ronalda Teixeira

    " Sou carioca de bem com a vida "Já plantei uma arvóres, tive um filho(a)...so me falta escrever um "livro" e agora na faixa dos 60 apaixonei-me! E movida por esta "paixão" danei-me a "escrever" "poesias", e ... Eis-me aqui!!! "



    Mistério

    Vens... calas a minha boca
    Com teu despudor
    Faz ...jorrar tua “seiva”
    Me inunda com teu prazer
    Me alcança nesse... voo  mágico
    No doce “mistério” do prazer
    Meu pensamento...vaga
    Esqueço das horas...
    Meu ser... em “chamas”
    Aclama pelo teu
    Devoro-te pelos sentidos
    Que perco... ao me encontrar.



    Livre

    Sou que nem um... “barco”
    Á ...deriva,afloro...
    Um oceano de...emoçoes...
    Enfrento á fúria das ...aguas
    Vou ao fundo...submergio
    À”mente” limpa... livre...
    Deixo o ...”lixo”
    Nas profundezas do ...mar
    Agora sou livre...
    Liberta... já posso... voar!


    ***

    Vens... devagar... me acaricia
    Teu calor em formas de raios...
    A me possuir,penetras minha pele
    Fecho os olhos... sinto a brisa do vento
    Escuto o barulho, e o vai e vem...
    Das ondas do mar
    Vens...rasgas ás vestes
    A me possuir por inteira
    Vens... rasgas ás vestes
    A me possuir...por inteira
    Vens... acende minha libido
    Me deixas louca ... desejos...
    Nas fantasias... somente minhas
    Vens...nao me castigues mais...
    Vens...enquanto ainda resta...
    Um sopro de vida, neste corpo
    Que sempre te pertenceu
    Pois tu sempre foste meu... e...  de Todos Nós!!
    Vens... Meu Amado... Sol!!


    Poesia

    O que é poesia?
    Poesia não, se explica
    Brota  da mente, na emoção
    Sem descriminação
    É no calor da paixão!
    Vou, seguindo pela escrita,
    Ora alegre, ora triste...
    Me fazendo companhia...
    Vou driblando a... solidão
    Isso também, é poesia...
    Pois não ?


    Nua

    Vou indo ... nua
    Pelo “ universo” a voar...
    Com “asas” imaginarias
    Alcançar a lua, as estrelas ...
    Pendurar-me ... numa delas ...
    Acalmar o fogo do corpo
    Numa nuvem ... passageira
    Subir num” balão” mágico
    Que esta a minha ... Espera!







    Vânia Lúcia

    Membro da APPERJ, Sindicado dos Escritores do 
    Rio de Janeiro, coordena a oficina PONTO DA PALAVRA dentro do projeto CULTURA NA CESTA. Publicou os livros: ANJO DA LUA e SAGRADO PROFANO. Abraçou o erotismo entre todas as 
    vertentes da poesia numa linguagem cuidadosa para 
    dar o discernimento entre o erótico e o pornográfico.


    Versos toscos






    Em versos toscos,



    defloro o verbo.



    E, travestida de erotismo



    sou carne em flor



    no ápice dos sentimentos



    em toques delicados e levianos



    dos desejos urgentes...





    Da santidade à luxúria





    O desejo nas mãos



    vai cingindo carícias. 



    O ardume da carne úmida



    é o recesso da decência



    em paralelo com a falta dos princípios dos anjos 



    em todo o transpirar...



    e respirar do universo num anverso pecaminoso.




    No declínio do império



    não há espaço para licenças menores



    na timidez do espírito,



    atrelado ao corpo que canta louvores



    de adoração a cada fibra viva



    que encharca a alma de saciedade



    da santidade à luxúria.


    Arte aos olhos dos profetas


    Queria ser assim, 





    um papel em branco,





    e, num lapso 





    você se desenhar em mim.






    Ser uma tela 





    sob teus dedos multicor,





    correndo em pintura abstrata,





    aos olhos dos outros um nada,





    e, aos meus, 





    a pintura concreta





    de tons em festa, 





    em formas,





    riscos e imagens 





    aos olhos dos profetas.



    Na rota do tempo





    Na rota maléfica do tempo, o homem é uma engrenagem enferrujada a ranger em sua perversidade. Lâmina de espada no brilho cortante,






    banhando em sangue seu fio no aparar das próprias arestas num calvário intrépido em solilóquios de hipocrisias.






    De sofrimento em sofrimento vai comungando das hóstias da vida, vai queimando em fogo fátuo sua hombridade, seus princípios e os princípios divinos na escrita invisível do destino.

    Bordados de sentir

    Desfaço-me em quimeras prateadas,




    revivendo no reinventar


    de mortes e vidas no fogo


    que arde...


    Labaredas vivas


    que dançam








    ao sopro do vento...






    no rito à deusa imortalizada






    nos poros abertos







    bordados de sentir...


    Essa asa







    Essa asa que lhe concedo








    é o amor que crer








    em voos...








    que namora paisagens através








    do olho do outro.






    Essa asa que lhe concedo








    é confiança 








    que dança ante as dúvidas








    e desnuda véus da insegurança que corrói








    aqueles que não sabem que o melhor do amor








    e respeitar a individualidade do outro.








    Essa asa que lhe concedo








    é a mesma que te trás de volta








    cheio de saudade








    e cheio de estórias pra contar...








    mais uma pra nossa história de bem amar.










    Wanda Monteiro






    Escritora e Poeta









    Espera






    Enquanto te espero



    Inscrevo tua ausência em poesia...



    Estanco o tempo com a argamassa da espera 

    E ocupo com o desejo todo o latifúndio que a saudade demarca.






    No Gume da Faca



    O que é estanque?
    No gume da impiedosa Faca
    Lâmina minando fúria
    Jejuada  
    Abstinente
    Fome compactada em fibra
    Da
     Faca
     feroz  
    Farejando caça
    Que foca o Ponto
    A ponta

    Da faca Chama
    Ferro e fogo
    Em brasa
    Marca

    Da Faca luz
    Que acesa arde
     Sangra em fúria
    O corpo-arma

    Da  Faca lança
    Branca-arma
    Fio que tange
    Que corta
    Rasante
    Vazante
    Sangrando o alvo

    O que é estanque no gume da Faca?

    Faca viva
    Faca-carne
    Faca-músculo
    Faca-Faca
    De dentro da Faca
    De dentro do Homem
    Da Faca-homem

    Na Faca-desejo.





    MetafisicaMente

    Todas as noites
    Ela saía de dentro de si pra viajar

    Voar na companhia de peixes alados
    Nadar na companhia de colibris
    Reverberar dentro de pedras

    Um dia
    Ela não voltou

    Voltar como?
    Se o presente lhe era inacessível

    Voltar pra onde?
    Se o real lhe era impossível

    Restava-lhe seguir
    Viajando

    Metafisicamente

    Na  Mente

    Que mente.









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